sábado, 20 de junho de 2009

SOLIDÃO VORAZ - Joana darc Medeiros de Azevedo da Mata


Na solidão da noite, senti saudade.
Temi a madrugada com o frio aproximando- se veloz
Uma saudade tão fria como a madrugada
E tão felina e forte como a morte.
No telhado, os passos ágeis de um gato
Último elo de um tempo que também passou
A sensação de perda era tanta que eu procurava pelo galo
Onde estava o despertador estridente
que me acordava nas manhãs de outrora?
Não sei se ele havia partido para dar espaço ao gato
Ou se eu a saudade e o gato,éramos únicos
Presentes e sobreviventes do ontem que agora era presente
Meus pensamentos corriam com tanta velocidade
Que eu temia que a manhã seguinte não pudesse alcançar
Como não conseguia alcançar a resposta para tanto por que
E adentrando a solidão cheguei ao ridículo
de sentir saudade da saudade que sentia
Hoje a saudade estava resumida
a um inexplicável sentimento de perda
Que se apodera da vida com tamanha propriedade
Que sem compaixão nos faz perder a razão
Pela própria força das circunstâncias
emudece impedindo de ocupar espaço
Espaço que o gato com astúcia irracional continua a ocupar
Indiferente ao progresso e ao edifício que envaidece o homem
Com metas iguais, metais e objetivos diferentes
Com vara de condão em mãos de aço
Rompendo a distância e buscando o céu
Rebuscando-se no estilo gótico
Fugindo do concreto e aderindo ao aço
Tomando e ganhando espaço
Desprezando a bomba e o avião
Que ocupa o espaço do canhão
Que hoje adorna o museu
Como o galo despertador
O velho na sua dor
E o poema de amor
Que morreu de saudade

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