sexta-feira, 26 de abril de 2013

OUTONO - JD 026 - 26-04-2013





Caminha para o seu final o mês de abril
Nos jardins as flores de maio começam a desabrochar
Multicores num clima primaveril
Preparadas para a primavera que ainda tarda chegar

O dia mal começa e a tarde logo chega
Sol se recolhe, vento se harmoniza.
Com  as flores que se aconchega
As borboletas sonolentas na mais completa singeleza.

As camélias vaidosas e exuberantes
Vestem-se de vermelho, rosa e branco.
Cobrindo com volúpia as damas que atraentes
Desnudas, protegem-se da cabeça ao regaço.

No outono os dias passam rápido
Noites demoradas convite à preguiça
Vento matutino grita desafinado
Empurrando a chuva, batendo na vidraça


São ventos incessantes, são  galhos que balançam
Tangendo as folhas soltas que buscam o entardecer 
São folhas caídas que ao vento correm e dançam
movendo-se com sutileza buscando o entardecer

quinta-feira, 25 de abril de 2013

JUÍZA DE MIM - JD 025 - 25-04-2013






















Hoje amanheci ensimesmada com o meu agora
Juíza do meu presente e sem me fazer rogar
Condeno o  passando e quem quiser acatará
A lei é única que propõe  a abolição do verbo amar

Tudo que e eterno é inconstante
Abaixo o sentimentalismo
Decreto que o amor viverá apenas por um instante
Uma vez que o amor desmedido é a falseta que conduz ao abismo

É proibido sonhar com o amanhã
saudade nunca mais será companheira do anoitecer
O importante e fazer agora acontecer

Quero derrubar a hipocrisia
Simplesmente quero ser de tudo  inteiro
Quero tão somente viver e ser  verdadeiro.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

UMA LENDA DE AMOR -JD 24- SP 18-04-2013


UMA LENDA DE AMOR

                               Esta é mais uma das muitas lendas que ouvi quando criança, contada pelo meu pai, enquanto contemplávamos as águas claras do rio Potengi a espera da primeira Tainaçã nos anunciando a hora da partida.



A velha índia Jacui
Quando contava historias da sua tribo até chorava
Com saudade das horas que passava no bucui
Espantando o calor enquanto a tarde desmaiava

Lembrava com entusiasmo do verde da sua terra
Da bravura dos seus anacês
Das anajés que rasgavam as nuvens rumo a serra
E dos uivos assustadores dos aracambés

Guardava um grande segredo em seu anga
Cujas recordações tristes lhe faziam sofrer
As vezes seu olhar perdido era de amgaba
Como se preferisse seu passado esquecer

Uns falavam que seu abaíba, foi capturado por unm abaçai
Outros que foi enganado por uma nambiquara
até mesmo que desapareceu no acarai
Mas, o que a maioria acreditava, foi que ele se casou com Amanaiara.

Porque um certo amanaje,garantiu que conheceu três filhos desta união
Que o nome do mais velho era Tupã
O do meio por ser sábio recebeu o nome de Amao
E o caçula pela bravura Cauã

Falou também que ele nunca conseguiu amar a sua esposa
E que da doce Jacuí nunca esqueceu
E que só aconteceu esta  união tão misteriosa
Por feitiço do Pajé, mas o porque, ninguém nunca entendeu

Outros já contavam que numa linda manhã de verão
Quando o so, alaranjado anunciava o alvorecer
Jacuí e seu amado imploraram ao pajé, loucos de paixão
Que os unisse de tal forma que nem depois de mortos um do outro iria se esquecer

Pejé se emocionou e para cada um deu uma obrigação
Imaginando que eles jamais conseguiriam realizar
Mas quem é capaz de imaginar o que se passa no coração
De dois apaixonados quando seus sonhos desejam alcançar?

Como a tarefa era quase impossível
e o feiticeiro tinha certeza que eles não iriam executar
Co um sorriso irônico e cruel
Compassadamente ele se pôs a explicar

Ela teria que nadar pelo acaraú antes do dia amanhecer
Com uma corda amarrada na mão
Para laçar e trazer com vida a maior acará que aparecer
E amarra-la aos pés de uma ibirajuba, sem medo nem hesitação.

Ele por sua vez escalaria a serra até o ponto mais alto
E traria a acauã mais feroz antes da lua se despedir
Não podia usar arma em nenhum momento
Tomando muito cuidado para ela não fugir

Os jovens se despediram e partiram
Sem ouvir nem mais uma palavra que tupã tinha a dizer
Para surpresa do velho índio no dia seguinte chegaram
Cumprindo assim o que se dispuseram fazer.

Ansioso o guerreiro perguntou o que teria que fazer:
- Devo sangra-la e beber seu sangue,
 ou o meu feito a Rudá oferecer?
- Enfim, agora devo fazer o que?

Então o feiticeiro ordenou calmamente:
 -Unam as aves e amarre suas patas firmemente.
Depois as solte para que possam voar livremente
e depois observem o que vai acontecer, atentamente.

Ansiosos o casal fez o que lhe foi ordenado.
Soltaram os pássaros delicadamente.
Eles tentaram voar mas em vão, ficaram no terreiro pulando.
E em poucos minutos estavam se bicando furiosamente.

E pajé falou: - Jamais esqueçam do que estão vendo,
este é o conselho que vos dou.
Os homens são como pássaros fiquem vocês sabendo.
Se perdem a liberdade o amor transforma-se em dor.

Daí os dois resolveram parar um pouco e pensar,
Se valia a pena sacrificar a liberdade em nome do amor
Soltaram-se e pela mata começaram a caminhar
Apreensivos diante daquele amor tão avassalador

Depois disto a bela Jacui
Nunca mais entregou seu coração
E na aldeia todos disseram que foi a partir daí
Que na terra houve a divisão do amor e da paixão

Muitas foram as lendas criadas depois que isto aconteceu.
Algumas lições deixadas que ate hoje podem nos ajudar
Mas a maioria acreditou que desiludido do amor ele quase morreu
E por isto a Deusa da chuva resolveu dele cuidar.

Nas amunadabas todos lalavam que eles nunca foram felizes.
E quando Amanaiara ficava de calundu,cuspia amãtiti e arrancava as árvores
E ele envergonhado acalmava a fúria dos rios e replantava as raízes
Talvez para esquecer um pouco as suas dores.

Do dicionário Tupi-Guarani

Acaraú: Rio das garças
Acauã: Ave que mata as cobras e sustenta com elas seus filhos.
Amundaba: Aldeia vizinha, arrebalde.
Amãtiti: Raio, corisco. Acará: Garça, ave branca.
Anacês: Parentes.
Anajés:Gavião de rapina
Aracambés: cachorro do mato,
Anga: Alma,
Angaba: Exprime compaixão
Abaçai: gênio perseguidor de índios Acarai : Rio das garças,
Amanaiara: A senhora da chuva
Amao: personagem divina que ensinou aos indigenas do rio Camanaos, do rio Negro
Anajé - mensageiro
bucui: rio de areia fina
Cauã: gavião. Também todas as aves de rapina
Calundu: de mão humor,cabeça quente
Goitacá:nômade, errante,aquele que não fixa em nenhum lugar
Ibirajuba: Arvore amarela,do tupy ybirá: arvore,tronco,madeira e yuba: amarelo,ouro
Nambiquara:sabedor das coisas,esperto,sabido,vivo
 Pajé lider espiritual e curandeiro da tribo Tupã: entidade adotada para ser supremo trovão
 Rudá: Deus do amor


VIVER É AMAR - JD 23 -SP 04-04-2013





Viver é estar sempre à procura
De uma medida exata
È descobrir uma luz no fim do túnel
E cortar as algemas que impedem nosso caminhar

É saber os bons momentos aproveitar
Sofrer mais não se entregar
Amar e não se perder
Buscar, descobrir e estar sempre alerta cada despertar.

Chorar mas não se desesperar
Ousar mas medir as consequências
E descartar a possibilidade de cometer violências

A vida é passageira, mas, no entanto,
Temos o privilégio de vivê-la intensamente
Sem perder a oportunidade de amar ate o nosso ultimo instante





quinta-feira, 4 de abril de 2013

A LENDA DA SAÚVA - JD 22 / SP 04-04-2013




                  


                                 Este poema é uma adaptação de uma lenda popular.





Lá pelo começo do mundo a dona Saúva
Com pétalas e folhas passava o dia a costurar
Seu trabalho era tão belo que a todos cativava
E para dar conta dos pedidos colocou a filha para ajudar.

Sua filha era uma formiga muito esperta
E tudo que tinha que fazer era as folhas recortar
Mas a danadinha era preguiçosa e marota
E o pior de tudo é que não gostava de trabalhar.

Toda tarde a Saúva saia para entregar as encomendas
Contando com a filha para lhe ajudar
Mas quando chegava encontrava as folhas todas jogadas
E a menina fora de casa com as amigas à passear

A Saúva não sabia mais o que fazer
Já não adiantava chamar sua atenção
E nem mesmo lhe bater
Então,deixa-la amarrada foi sua única opção.

Escolheu para isto o  pé da mesa
Pensando que desta forma ela iria se corrigir
Mas o pior foi que para sua surpresa
A danadinha brava, ameaçou fugir.

Saúva saiu para entregar uma encomenda
E a filha enraivecida começou a se debater
Como a corda estava muito arrochada
A cintura afinou tanto que quase chegou a romper

Quando chegou, soltou a filha, e continuou a trabalhar,
Mas ela em disparada fugiu para o mato
Não demorou muito e a noticia começou a se espalhar
A garota cortou as roseiras gritavam as formigas em pranto

Quando voltou a mãe botou-a para fora de casa e começou a gritar
- Vai-te embora e cumpra a tua sina,
que será cortar folhas até o mundo acabar!
E é por isto que a saúva corta folha e tem cintura fina.

Mas a historia não termina ai
Pois a fada da floresta também ficou indignada
Colocou em sua cabeça para ela nunca se distrai,
Uma enorme tesoura com a ponta bem afiada. 

terça-feira, 2 de abril de 2013

FANTASMAS - JD 21 - SP 02-04-2013




Há dias que o vazio toma conta do meu coração
E o fantasma da solidão em mim se refugia
Ler-se em meu rosto incerteza, contradição,
Torno-me irracional, uma vitima da eufobia.

Por trás de um sorriso doce, a ironia,
Absoluta em mim de forma incisiva
Ânsia de desistir do mundo, agonia,
Sem força para caminhar nem perspectiva.

Quero a morte, mas o temor me domina,
Pois sei que é apenas continuação do caminho
Para refugiar-me ao ermo tumulo pelo atalho

Quero viver, mas com intensidade,
Seguir além, sem amarras que me prendam ao meu eu,
Para que nada fique de mim quando da vida eu rasgar o véu.
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