terça-feira, 23 de junho de 2009

RESQUÍCIOS - Joana d'Arc Medeiros de Azevedo da Mata




Busco no verso a inspiração
Sou poeta mas não sei recitar
Perdida em noites de solidão
Escrevo o passado e fico a recordar

Lembro o pé de caqui chocolate
Sinto o cheiro de jasmim
Do cão brincalhão que só late
As crianças brincando no jardim

Da missa todo domingo
Catecismo, primeira comunhão
Na Santa Marina o cheiro de pão
Bacalhau, sexta feira da paixão

As carroças da Prefeitura
Fazendo a coleta do lixo
O bonde que não sai do trilho
E o vendedor de pirulito

A casa mal assombrada
Que nos causava arrepio
O morro da Rua Arapuá
E a velha Fabrica de vidro

O lago que não mais existe
Pássaros voando ao cair da tarde
Avenida Diederichsen
Balões por toda parte

Os velhos conversando pelos cantos
Reclamando incomodados
Do Barulho das novas construções
E do vai e vem dos aviões

Quanta alegria ir ao cine Maringá
Passear no Jardim Zoológico
E aos domingos caminhar
Até o Jardim Botânico

Lembro da Igreja de São João Batista
Da Farmácia do seu Odilon
Do empório do seu Tomás
E do campinho de futebol

Da carrocinha que apavorava
Quando passava recolhendo animal
Das ruas pouco iluminadas
E dos bailes de carnaval

No meu peito há uma sombra de emoção
E os meus sonhos viram verdade
Quando restauro a tela da minha recordação
Pintada com as cores da minha saudade

2 comentários:

  1. JOANA!!! BOM DIA!!!! que coisa linda!!! adorei!! que memória!! como há poesia na vida!! é uma pena que a maioria não possa ter esta visão poética na vida! abração Nadia

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  2. Prezada Joana,
    Certa vez quando meu pai me levou para cortar cabelo no Seu Sebastião (que nós chamávamos carinhosamente de pela-porco), ali na Avenida Diederichsen, quase defronte da farmácia do Seu Francisco, nosso cachorro pintado chamado Piloto nos acompanhou e ficou deitado do lado de fora. Nessa época o ponto final do ônibus ainda não tinha mudado lá de cima para a frente da barbearia do Seu Sebastião. A carrocinha chegou e os laçadores tentaram pegar o Piloto. Este, esperto, correu para debaixo da carrocinha e por mais que os laçadores ladrassem dali ele não se moveu. Quando eles bobearam o Piloto saiu voando de debaixo da carrocinha e só foi parar lá em casa. Isso se deu mais ou menos em 1964.
    Parabéns pela poesia.
    Paulo

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