quarta-feira, 16 de setembro de 2009

COTIDIANO - JOANA D'ARC MEDEIROS DE AZEVEDO DA MATA




O vento rodopia em redor do tempo
No final da tarde a chuva se faz ouvir
Natureza se desmancha em profundo pranto
Triste e gelada a noite começa a cair

A sirene da fábrica avisa à hora de parar
No vestuário corre-corre, confusão
Uns, ansiosos para a casa retornar
Outros ficam no bar afogados na desilusão

Mulher cansada de tanto trabalhar
desmotivada mistura-se a multidão
Sonhando com o dia que ira se libertar
Da miséria, desassossego e solidão

Vento forte chuva que aumenta
sonhos que se despem na violência
Passos trôpegos, medo,tormenta
Abandono, desamor e carência

Na rua escura, bêbado ora cai ora tropeça
Chega a porta de casa, fracassado e atordoado
E inconsciente decreta a própria sentença
Vida amarga sem objetivos e sem sentido.

Noite alta, muita briga, bala sem direção
Acomoda-se num corpo adormecido
Chuva enfraquecida lava sangue com lentidão
Briga de gang, saldo:inocentes atirados ao chão

O cansaço vence a mulher desiludida
A noite é fria, frio intenso guarda segredo
Parte a chuva e leva a noite sem despedida
E deixa seu homem, na sarjeta, estendido.

Já é manhã,cama vazia,dia inicia
Pancadas na porta, alvoroço, gritaria
A noite passou e levou da mulher a alegria
Mas em seu lugar deixou pranto e nostalgia

Solitária perdeu o amor que pensou ter
De herança lhe sobrou frustração e desalento,
Sonhos inacabados e a vontade de morrer
Vida mal vivida cheia de decepções e tormento

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